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Informação nº 2953, Confidencial, de 26 de dezembro de 1972: Brasileiros diplomados na União Soviética by Centro de Inteligência do Exército

Book Information

TitleInformação nº 2953, Confidencial, de 26 de dezembro de 1972: Brasileiros diplomados na União Soviética
CreatorCentro de Inteligência do Exército
Year1972
PPI96
Mediatypetexts
SubjectForças Armadas, Regime Militar, Atividades de Inteligência, Comunismo, Revolução, Guerra Fria, KGB
Collectionbooksbylanguage_spanish, booksbylanguage
Uploadereduardocruz_28
Identifierinformacao-no-2953-professores-diplomados-na-universidade-patrice-lumumba
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Description

Informação produzida pelo Centro de Inteligência do Exército [1]. Identifica os brasileiros que cursaram a Universidade Patrice Lumumba, na União Soviética, no período 1961-1964. A instituição fornecia ensino superior gratuito a estudantes estrangeiros, mas na prática funcionava como centro de doutrinação marxista. Os alunos mais talentosos eram recrutados pela inteligência soviética para cumprir missões clandestinas nos seus países de origem. De 1961 a 1968, a Universidade teve como Vice-Reitor o General Pavel Dmitriyevich Yerzin – que anteriormente havia chefiado as equipes da KGB na Índia (1947-1952) e na Turquia (1953-1957).O documento foi produzido em 1972, quando o CIE era dirigido pelo General Milton Tavares de Souza, que décadas antes havia participado da repressão à Intentona Comunista de 1935, aos 19 anos de idade. Veterano da FEB [2], portava a medalha Sangue do Brasil em virtude de ferimentos recebidos na Batalha de Montese [3].Milton Tavares de Souza chefiou o CIE entre 15 de outubro de 1969 e 23 de março de 1974, fase mais dura do combate à guerrilha. Desempenhou papel decisivo na destruição das organizações terroristas que na época tentavam tomar o poder. Foi responsável pelo planejamento da operação que resultou na morte de Carlos Marighella, líder da ALN, em 4 de novembro de 1969, segundo relatório publicado anos depois [4].Após deixar a direção do CIE, teve ao seu encargo a missão de comandar a 2ª Brigada de Infantaria, em Niterói (1974-1976), a 10ª Região Militar, em Fortaleza (1976-1977), a IV Divisão do Exército, em Belo Horizonte (1977-1978), a 6ª Região Militar, em Salvador (1978-1979), e o II Exército, em São Paulo (1979-1981). Nesse período, teve a oportunidade de emitir os conceitos abaixo, ao palestrar para uma platéia de estagiários da Escola Superior de Guerra:"Se não doutrinarmos nossos filhos e netos, os comunistas o farão. Eles são o nosso grande inimigo. Há uma poeira vermelha nos olhos do povo e de grande parte das autoridades. Encaremos o problema com a seriedade que ele merece, se não quisermos ser cúmplices da queda do Brasil nas mãos dos comunistas. É uma escolha que devemos fazer. Eu já fiz a minha. Prefiro a morte à escravidão do Partido Comunista!" [5]Voltou a fazer declarações semelhantes, ao conceder entrevista nas escadarias da Igreja Nossa Senhora, quando saía da missa [6]. Nessa época, era Comandante do II Exército. Esporadicamente, também opinava sobre assuntos econômicos [7], inclusive sobre empresas multinacionais, que a seu ver tiravam muita riqueza do Brasil e pouca riqueza aqui deixavam [8].Dava testemunho público de sua fé católica [9]. Confessava-se com o Pe. Venceslau Valiukevicius [10]. Antes de falecer, tomou a iniciativa de entronizar Nossa Senhora de Aparecida no QG do II Exército, o que suscitou a publicação de uma nota de protesto no Jornal do Brasil, assim redigida:"Agora mesmo o General Milton Tavares de Souza, Comandante do Exército, em duas manifestações públicas pretendeu oficializar o Catolicismo, ao patrocinar uma procissão em homenagem a Nossa Senhora da Aparecida, em Aparecida do Norte. Ferindo frontalmente os preceitos constitucionais, fez a entronização da mesma Santa nas dependências daquela grande unidade militar, que é de todos os brasileiros, indistintamente, não apenas dos católicos. Para se evitar tais absurdos sectaristas, impõe-se o cumprimento integral dos textos constitucionais que impedem favoritismos ou perseguições a qualquer culto ou religião. O Estado laico deve ser o símbolo da verdadeira República" [11].Tombou em serviço ativo, acometido por insuficiência cardíaca. Posto às pressas numa maca, balbuciou o desejo de "morrer no comando" enquanto era levado para o hospital, em 21 de junho de 1981 [12].NOTAS:[1] O CIE foi criado pelo Presidente Arthur da Costa e Silva, através do Decreto nº 60.664 de 2 de maio de 1967, no contexto da guerra às organizações terroristas. Inicialmente, chama-se Centro de Informações do Exército. A partir de 1992, ganhou a denominação Centro de Inteligência do Exército, que conserva até hoje.[2] Era capitão quando serviu na FEB, onde comandava a 6ª Companhia do 6º Regimento de Infantaria Leve.[3] Movimento, nº 253, 5-11 de maio de 1980, p. 7: 'Um direitista histórico'.[4] Folha de São Paulo, 23 de novembro de 2012, p. A-20: 'Comissão acusa agentes da ditadura por cinco mortes'.[5] Opinião, nº 205, 8 de outubro de 1976, p. 5: 'O general e a poeira vermelha'.[6] Tribuna da Imprensa, 20 de março de 1980, p. 2: 'General vê comunismo em tudo'.[7] Tribuna da Imprensa, 28 de abril de 1980, p. 5: 'Gen. Milton condena o capitalismo selvagem'.[8] Tribuna da Imprensa, 18 de abril de 1980, p. 5: 'Gen. Ayrosa visita o Gen. Milton Tavares'.[9] O Cruzeiro, ano I, nº 7, 30 de novembro de 1979, pp. 70-72: 'A cruz e a espada no templo da Fé'.[10] Diário de Pernambuco, 22 de julho de 1981, p. 1: 'Padre vê até cardeal pregando o comunismo'.[11] Jornal do Brasil, 29 de fevereiro de 1980, p. 2: 'Catolicismo'.[12] O Fluminense, 23 de junho de 1981, p. 6: 'Corpo do general fica em sua terra'.