Este artigo apresenta um exercício de reflexão sobre a categoria do patrimônio documental como recurso para a pesquisa científica no campo da história. A partir da documentação constituída em razão da trajetória do musicólogo Pe. Jaime Cavalcanti Diniz, realizamos uma leitura preliminar acerca do nascimento do curso de Música da Escola de Belas Artes da Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco, estudo que avança na medida em que esses objetos de memória se apresentam como meios para compreendermos as relações entre o processo de gestação e formalização do curso e certos elementos da trajetória de Jaime Diniz, um dos seus fundadores e primeiro diretor nomeado. A documentação selecionada se apresenta como bem patrimonial relacionado a práticas culturais no campo da música. Inclui a correspondência remetida ao sacerdote, incorporada à Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello, no Instituto Ricardo Brennand, assim como fotografias, textos de jornal, entre outras fontes. Elementos da formação intelectual do padre aliados à articulação das suas redes de sociabilidade foram fundamentais para que Diniz alcançasse a posição de primeiro diretor do curso, o que ao mesmo tempo colaborou para o desenvolvimento de culturas, práticas e saberes musicais locais e garantiu a construção e manutenção de um lugar de destaque e prestígio social no campo da musicologia, do ensino e da pesquisa em música no Brasil, fatores que concorreram para a posterior patrimonialização do seu arquivo pessoal.